Sobre Minha Experiência nos cursos JOVENS LEITORES e FORMAÇÃO DE LEITORES, realizados pela parceria SME-RJ-FNLIJ
(texto encomendado pela FNLIJ para livro sobre o curso)
De : Luiz Antonio Aguiar
Para: FNLIJ
1. A experiência deste trabalho nos Cursos da FNLIJ
mudou sua forma de ver a escola pública?
: LAA:
Indiretamente, sim. Me deu uma
visão mais clara do professor e do bibliotecário dessa escola, que luta tanto
não só para se qualificar como para motivar a meninada e a garotada para a
Literatura, apesar da falta de recursos e de incentivos, de contrapartidas, como aumento de remuneração, ascensão em planos de carreira etc. Muitos deles são idealistas,
apaixonados pelo ofício e solidários com suas crianças e jovens, com plena
consciência de que na escola está a chance de mudarem de vida.
Ao mesmo tempo, ao direcionar as
aulas de Literatura para o professor, para apurar seu gosto pela Literatura, o
curso mostra um bom caminho para democratizar a Literatura no país, que seria
lhe dar um lugar especial dentro da escola e da educação, com autonomia em
relação aos objetivos curriculares e pedagógicos, visando tão somente (e é
muito!) a ampliação de horizontes existenciais e intelectuais dos leitores que
puder cativar. Nesse sentido, a educação pública e a privada têm o mesmo
trajeto a cumprir, as mesmas dificuldades e preconceitos a vencer, a mesma
ruptura a realizar.
2.
Conte um fato marcante, específico, particular
que tenha sido significativo ao ministrar estas aulas.
LAA :
Foram muitos, mas em especial a
avaliação que tive na minha primeira rodada de aulas. Foi muito ruim, tipo nota 7. Daí, não me conformei,
consultei quem já estava rodado no curso, pedi opiniões e conselhos, repensei o
que eu queria fazer, minha proposta para dar aula de Literatura, e voltei ao
batente. Minhas avaliações melhoraram significativamente, deixando-me orgulhoso
do trabalho que eu poderia e posso realizar. Vi então que ensinar só existe se o outro
aprende. Que ensinar é um aprendizado
e que o feed-back, as avaliações e
reformulações são indispensáveis nesse ofício. Foi uma lição de vida, que me
deram.
3.
Esta experiência nos Cursos da FNLIJ se
multiplicou em outros cursos? De que forma?
Sim. Como sou escritor e correr o país falando a diferentes plateias é parte do meu trabalho, os cursos que dei foram reproduzidos em outros lugares, sempre (aproveitando a lição recebida, mencionada acima) tentando me adaptar ao meio, ao público, buscando a interatividade, a comunicação. Continuo ministrando esses cursos, dando aula de Literatura – e aliás, hoje em dia, incorporei mais esse atributo a minha identidade; com muito orgulho, sou um professor de Literatura.
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