terça-feira, 23 de fevereiro de 2016



ODISSEIA OLÍMPICA







De Luiz Antonio Aguiar e Jorge Guidacci




TUDO! 
Absolutamente tudo sobre as 
OLIMPÍADAS
da Mitologia
a RIO 2016


Um conto irado sobre a construção do Templo Sagrado  na mitológia Olímpia...



Quem É Quem 
dos deuses e heróis


As Olimpíadas na Antiguidade
Uma Grécia que não está na História...







O nascimento das grandes competições e seus Heróis...



Recordes, Grandes Dramas Olímpicos
A Política Entra e Sai dos Jogos
A Superação! O Sacrifício! A Disputa!
Glória e Agonia nas quadras, pistas, raias,
em todas as modalidades....


As Olimpíadas da Era Moderna...



Os Símbolos Olímpicos

O ÚNICO LIVRO QUE TRAZ TODOS
 OS POSTERS E MASCOTES 
DE TODAS AS EDIÇÕES DOS JOGOS

Cada Olimpiada relatada em detalhes...



As participações do Brasil
Todas as medalhas conquistadas por nossos atletas
As Expectatoivas para a RIO 2016






E Uma fofoca Inédita em Quadrinhos:
OS DEUSES OLÍMPICOS VÊM ASSISTIR AOS JOGOS
NO RIO DE JANEIRO
vai dar uma encrenca...


HUMOR INFORMAÇÃO HISTÓRIA E HISTÓRIAS
Absolutamente TUDO sobre as
Olimpíadas

ODISSEIA OLÍMPICA

Editora Biruta

http://www.editorabiruta.com.br/onde-encontrar/



sábado, 20 de fevereiro de 2016

Ainda Sobre EUCLIDES DA CUNHA:
com admiração e carinho...

"Aquela Campanha de Canudos lembra um refluxo para o passado.
E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo".

Escrever Canudos exigiu de Euclides da Cunha coragem pessoal e política. Pessoal, porque ali era o clímax, a consagração, a explicitação pública de um processoárduo, penoso, de mudança de opinião sobre a República, o Exército da época, com suas intenções golpistas, e sobre o próprio povo brasileiro. E política, porque temia enfrentar uma crítica inclemente dos conservadores e dos que tramavam a tomada do poder. No entanto, ele o escreveu, publicou, e foi um sucesso.
Assim como a coragem e espírito de sacrifício mostrada pelos jagunços de Canudos, e raras vezes reproduzidos, bem poderiam ter se tornado um modelo de caráter e de determinação para as pessoas deste país. O que temos aqui é um escritor dedicado a tornar sua Literatura um fator de peso na formação do imaginário de seus leitores. Uma Literatura de Conteúdo!

A ver "O FIM", capítulo de encerramento de Os Sertões, que ele chamava de "livro vingador", uma das mais pelas e poderosas páginas de nossa Literatura, e cuja vitalidade imagética e dramnática também poderia servir de modelo para quem quer escrever, hoje em dia, sem pensar que deve cuidar de compor cenas que capturem seu leitor.

[spoiler para quem pretende ler Os Sertões... Ou, Ora, que mesquinharia lembrar Euclides somente pelo escândalo midiático da "Tragédia da Piedade"!]


OS SERTÕES Primeira Edição


"O fim


Não há [como] relatar o que houve a 3 e a 4.
A luta, que viera perdendo dia a dia o caráter militar, degenerou, ao cabo, inteiramente. Foram-se os últimos traços de um formalismo inútil: deliberações de comando, movimentos combinados, distribuições de forças, os mesmos toques de cornetas, e por fim a própria hierarquia, já materialmente extinta num exército sem distintivos e sem fardas.
Sabia-se de uma coisa única: os jagunços não poderiam resistir por muitas horas. Alguns soldados se haviam abeirado do último reduto e colhido de um lance a situação dos adversários. Era incrível: numa cava quadrangular, de pouco mais de metro de fundo, ao lado da igreja nova, uns vinte lutadores, esfomeados e rotos, medonhos de ver-se, predispunham-se a um suicídio formidável. Chamou-se aquilo o "hospital de sangue" dos jagunços. Era um túmulo. De feito, lá estavam, em maior número, os mortos, alguns de muitos dias já, enfileirados ao longo das quatro bordas da escavação e formando o quadrado assombroso dentro do qual uma dúzia de moribundos, vidas concentradas na última contração dos dedos nos gatilhos das espingardas, combatiam contra um exército.
E lutavam com relativa vantagem ainda.
Pelos menos fizeram parar os adversários. Destes os que mais se aproximaram lá ficaram, aumentando a trincheira sinistra de corpos esmigalhados e sangrentos. Viam-se, salpintando o acervo de cadáveres andrajosos dos jagunços, listras vermelhas de fardas e entre elas as divisas do sargento-ajudante do 39°, que lá entrara, baqueando logo. Outros tiveram igual destino. Tinham a ilusão do último recontro feliz e fácil: romperam pelos últimos casebres envolventes, caindo de chofre sobre os titãs combalidos, fulminando-os, esmagando-os...
Mas eram terríveis lances, obscuros para todo o sempre. Raro tornavam os que os faziam. Aprumavam-se sobre o fosso e sopeava-lhes o arrojo o horror de um quadro onde a realidade tangível de uma trincheira de mortos, argamassada de sangue e esvurmando pus, vencia todos os exageros da idealização mais ousada. E salteava-os a atonia do assombro...
Fechemos este livro.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.
Forremo-nos à tarefa de descrever os seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos.
Vimos como quem vinga uma montanha altíssima. No alto, a par de uma perspectiva maior, a vertigem...
Ademais, não desafiaria a incredulidade do futuro a narrativa de pormenores em que se amostrassem mulheres precipitando-se nas fogueiras dos próprios lares, abraçadas aos filhos pequeninos?...
E de que modo comentaríamos, com a só fragilidade da palavra humana, o fato singular de não aparecerem mais, desde a manhã de 3, os prisioneiros válidos colhidos na véspera, e entre eles aquele Antonio Beatinho que se nos entregara, confiante – e a quem devemos preciosos esclarecimentos sobre essa fase obscura da nossa História?"





Selo de 1965

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Livros Têm História (2)

EUCLIDES DA CUNHA

Euclides da Cunha nasceu em 20 de janeiro de 1866. Isso quer dizer que este ano faz 150 anos de seu nascimento. 

Tenho na Melhoramentos o "Canudos, Santos e Guerreiros em Luta no Sertão". É sobre a Guerra de Canudos, mas principalmente sobre o drama de consciência de Euclides para escrever OS Sertões. Foi o que me tocou, me emocionou, me levou a escrever esse livro. E tudo partiu de uma monografia que fiz para o Mestrado de Literatura (obrigado, prof. Luiz Costa Lima), apontando essa transformação, a partir de textos de Euclides, escritos em diferentes momentos. "Os Sertões"  tem uma história de como e por que foi escrito... 






Não foi fácil. Republicano, convencido de que Canudos era uma tentativa de restabelecer a Monarquia (era a versão oficial sobre o conflito) e indignado pelo fato de tantos soldados terem sido mortos pelos rebeldes, inclusive o General Moreira Cesar, eventual candidato a ditador, ele partiu para a Bahia defendendo que os jagunços deveriam ser exterminados. Escreveu sobre isso 2 artigos no Estado de São Paulo, intitulados "A nossa Vendeia".

Daí... Um dos mais belos processos de transformação de ponto de vista que vemos na inteligência brasileira está retratado no "Diário de Campanha", coleção de artigos e crônicas de Euclides, na frente de batalha. São as matérias que ele enviava para o Estado. E ali diante do que vê, fica perplexo, e várias vezes escreve "Tudo é incompreensiveL nesta campanha".

Não entende por que e pelo que os jagunços lutam.  Assombra-se com a coragem com que, mesmo tão inferiorizados, enfrentavam os soldados. E acima de tudo testemunha atrocidades praticadas pelo exército da República, que o fizeram enxergar de outro modo o conflito.

Então, volta para o Sul, para S J do Rio Pardo, onde permanece quatro anos construindo uma ponte (era engenheiro militar) e, nas horas de folga, num casebre onde se recolhia, escreve OS SERTÕES, em que expressa sua mudança radical de opinião.

Para ele, agora, os sertanejos são os heróis daquela guerra e o modelo de brasileiro; a República e seus exércitos, os matadores enlouquecidos, degoladores de prisioneiros indefesos., que armaram uma mentira (o tal monarquismo dos jagunços) para justificar a matança ( "Aquela Campanha de Canudos lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo".)  Uma matança, aliás, que deveria servir de cacife para o exército voltar ao poder e reeditar a ditadura florianista; somente isso. A resistência dos jagunços frustrou o golpe. 

"O FIM", capítulo de encerramento de Os Sertões é uma das mais belas págiunas da Literatura Brasileira - e está reproduzida no livro, já que eu nunca seria capaz de escrever melhor , narrando aquela cena. Não houve nenhum sobrevivente,m entre os jagunços. Os últimos 5 combatentes, entre eles crianças, velhos e feridos, caíram lutando, diante de um tsunami de milhares de soldados.


Euclides da Cunha

Enfim, a integridade de Euclides (exemplo ímpar na cultura e na política brasileiras) , a sua mudança dolorosa (era um republicano idealista) de ponto de vista, que assumiu, corajosamente, sem disfarces, radicalmente, apesar dos riscos,  são os focos principais desse meu livro.O Drama de um escritor para compor uma obra que é um dos pilares clássicos da Literatura Brasileira. Vejam só... ele achava que ia ser massacrado pela publicação de Os Sertões. Pelo contrário, o livro foi um enorme sucesso. 

Foi a adimiração que sinto por Euclides e pelo que ele enfrentou para escrever Os Sertões que me levou a escrever "Canudos, Santos e Guerreiros em Luta no Sertão". 



PS:

Mesmo antevendo críticas, aconselho à garotada e ao público em geral a ler OS SERTÕES. É lindo! É Glorioso! Mas só a Parte III: "A LUTA". As duas partes anteriores servem hoje em dia mais para historiadores e estudiosos em Literatura.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

LIVROS TÊM HISTÓRIA

 "SONHOS EM AMARELO"




                Muitos livros que escrevi têm uma história. Não a história que contam, somente, mas também a história de como e por que foram escritos.
                É o caso de “Sonhos em Amarelo”...





                ... Que tem uma história que conta um pouco sobre como os livros são criados, o tal do processo criativo em Literatura.  
                Com 19 anos, eu estava na Europa, no meio do inverno. Mais especificamente, em Londres. E foi no inverno porque é quando as passagens ficam mais baratas. Eu não tinha dinheiro para comprar comida, propriamente falando, somente pão e livros. E também não tinha um casaco adequado para enfrentar aquele frio todo.
                Então, certa manhã gelada, eu quase virando picolé de carioca, passei por um museu, e era dia de entrada grátis para estudantes. Com minha carteira internacional de estudante (que me garantiu descontos em restaurantes universitários, cinemas e vaga nos albergues), entrei, e lá dentro estava bem quentinho.
                Nunca tive gosto especial por pintura. Não conhecia quadros, nem pintores. Mas, de repente, sei lá por quê, um quadro me deixou estatelado. Era uma pincelada grossa, viva, pulsante. Um amarelo que explodia na tela, entrava pelas minhas retinas e descia ao meu estômago, me tirando fora do tempo e espaço à minha volta.
                O próximo momento consciente nas minhas lembranças foi um guarda do museu me cutucando algo rispidamente para me tirar do transe, exigindo que eu me levantasse, que museu não era lugar para sentar no chão, que não era assim que se olhava quadros.



"Auto-retrato", Van Gogh, 1887

                Só então me aproximei e li o nome do autor, na placa: Van Gogh. Creio que era um de seus girassóis. Mas, poderia ser outro. Gozado, disso não lembro ao certo. Mas, sim, do que estava se passando dentro de mim. Nunca pensei que a pintura pudesse me emocionar daquela maneira. Nem que um pintor poderia continuar vivo, na tela. Mas, senti tudo isso, ao ver aquele quadro.
                Dali pra frente, foi paixão irremediável. Eu perseguia quadros de Van Gogh,  quando podia viajar, e lia tudo o que me caía nas mãos sobre ele, inclusive a coleção completa das Cartas, que ele escreveu a Theo, principalmente nos seus últimos anos, em Arles.
                Só fui escrever Sonhos em Amarelo, meu livro sobre Van Gogh, aos 50 anos, em 2005. Tive de fazer uma cirurgia ortopédica nos pés, para me devolver a mobilidade, e fiquei  meses,  em casa, engessado (faria primeiro o pé esquerdo, depois o direito, no ano seguinte).  Sem reclamações: eu já não conseguia andar, e recuperei isso, graças à cirurgia (Obrigado, Dr. Marcos Donato Serra).  E o caso é que aproveitei a recuperação para escrever o livro.






                Sempre soube que o escreveria. Por outro lado, sentia um frio na barriga quando pensava em começar. Até porque eu sabia que precisava arrumar um jeito  de escrevê-lo. Não poderia ser na minha voz, ou de um narrador em terceira pessoa em que eu me camuflasse, senão tudo o que eu sentia por Van Gogh iria transbordar, e o livro ia ficar um saco, uma tietagem sem fim. Precisaria arrumar uma outra voz para contar a história, para me conter, frear, ou seja:  outros olhos para ver Van Gogh, o ser humano e seus quadros.
                Tantas vezes tinha ido ao MASP (SP) visitar os 4 quadros de Van Gogh que tem lá. E um dia, sem me dar conta, me vi sonado diante de O Menino de Quepe, no qual Van Gogh retrata Camilo Roulin, aos 11 anos.

"O Menino de Quepe", Van Gogh, 1888 


                Joseph Roulin – um homenzarrão de ideias socialistas, generoso e extrovertido ao extremo - , o carteiro de Arles, de tanto pegar e entregar cartas de Van Gogh (que escrevia quase diariamente e às vezes mais de uma vez por dia ao irmão Theo) tornou-se amigo do pintor. De fato,  o único amigo que  Van Gogh fez  na vida. E a convivência com os Roulin foi a única oportunidade que ele teve de experimentar viver em família, algo que ele desejava ardentemente. Van Gogh retratou toda a família Roulin, e fez vários quadros de cada um deles, inclusive de Camile, filho de Joseph.

"Joseph Roulin", Van Gogh, 1888


                Aliás, esse era um dos encantos de Van Gogh sobre mim. Sentia que o que ele mais queria da vida, e não tinha, pôs nos quadros. Há por exemplo um quadro dele que se chama Primeiros Passos. Nele, vemos o pintor, se autorretratando, chegando em casa, a esposa na porta, deixando ir ao encontro dele um menininho pequeno, que anda pela primeira vez. O pintor está agachado, em vias de receber o menininho nos braços. Uma cena linda, tocante, e mais ainda quando sabemos que Van Gogh sempre ansiou por viver algo assim – ter esposa, um casamento, filhos, família, testemunhar os primeiros passos de seu filho –, e só pôde viver isso na sua pintura.

Criança Primeiros Passos De Vincent Van Gogh Na Tela Repro


"Primeiros Passos", Van Gogh, 1888

               E, naquele apagão que me levou a conversar com O Menino de Quepe, eu havia encontrado o olhar e a voz que procurava. Sem a pieguice apaixonada, um narrador algo temeroso, estranhando o que vê, uma pintura deslumbrante que pega de vez mesmo quem não entende de pintura, que apaixona, que surpreende pela vitalidade, cor, alegria que irradia, e ainda mais em contraste com o espírito enroscado, amargurado, combalido, depauperado de quem a produz. Um menino de 11 anos, tentando entender o que está sentindo, sua estranheza diante do que os quadros lhe despertam, e, ao mesmo tempo, buscando lidar com sua compaixão por aquele ser solitário, repudiado pelo seu meio, tão inapto para a vida no mundo, para o dia a dia; um cara tão... esquisito.
                Daí, tempos depois, lá estava eu, imobilizado, me restabelecendo da cirurgia. Minha mulher foi bem legal, me deixou ocupar a sala do nosso apartamento, forrando-a com reproduções de Van Gogh. E foi passeando por elas, todos aqueles meses e outros depois, vendo com seus olhos de pintor a vida e traduzindo-as para voz que criei para Camilo Roulin, que escrevi meu livro.


"Café Noturno", Van Gogh, 1888

"A Casa Amarela", Van Gogh, 1888


                Tem gente que não gosta de biografia ficionalizada. Fui aprender isso depois... Preferem tudo baseado em fatos reais. Bem, Literatura não fala de realidade, nem de verdades. É invenção. Muito da biografia de Van Gogh, eu tirei das cartas (é a maior fonte para conhecermos sua vida). Mas há todo um lado íntimo, diálogos, momentos privados, que inventei. Isso é ficção. Como escrevi em algum lugar, é feito farinha e pão. Pão não é farinha. Além dela, leva outros ingredientes, uma boa pitada de fermento (ou não), a mão que amassa, sova, o período de descanso da massa, para ela crescer, o forno bem quente... Ficção não é realidade. A realidade é um dos ingredientes. Mas a ficção leva muitos outros e muito mais coisa, além de realidade.
                Foi assim, descobrindo isso dentro de mim,  refletindo sobre isso, que comecei a escrever meu Sonhos em Amarelo, que ganhou prêmios no Brasil e no exterior, e que foi traduzido para o italiano com o título Vicente Il Matto (Vicente, o louco, que era como o chamavam em Arles), publicado pela editora Giunti.Outras traduções estão sendo negociadas e/ou em produção. 







                A história de Vincent Van Gogh é absurdamente comovente. Ninguém o reconhecia sequer como pintor, muito menos como gênio. Vendeu somente um de seus quadros em vida, o que o deprimia bastante. Mas, logo depois de sua morte (suicidou-se, depois de uma temporada em asilos para doentes mentais), em 1890, começou a fazer sucesso, até se tornar o que é hoje, um ícone, um dos artistas mais conhecidos do público leigo – quem não identifica de cara um Girassóis? Nada é tão impactante como seus quadros e como a influência avassaladora que teve sobre a pintura e sobre a cultura do Planeta.


[Trecho da resenha publicada originalmente em O GLOBO de 06/10/2007
OBRA-PRIMA TRATA JOVENS COMO GENTE GRANDE
Gustavo Bernardo

Uma maneira de avaliar a qualidade de um livro para jovens é observar a reação de leitura de um adulto. Se o livro “captura” a atenção e a emoção do adulto, então ele deve ser um livro bom também para o leitor adolescente. Isso acontece porque o adolescente é muito mais adulto do que supõe a nossa vã pedagogia.

Ainda que o nosso sistema social e correspondentes meios de comunicação se esforcem bastante para espichar a infância e desresponsabilizar os jovens pelo máximo de tempo possível, há reservas de inteligência, afetividade e responsabilidade que resistem. Elas aparecem e brilham sempre que um professor os trata não como iguais mas como pares responsáveis, ou sempre que eles se deparam com um livro para jovens que não os infantiliza nem menospreza, isto é, que os respeita como adultos que já são.

Entre os escritores que manifestam esse respeito, encontramos Luiz Antonio Aguiar. Sua última novela para jovens chama-se Sonhos em amarelo: o garoto que não esqueceu Van Gogh (São Paulo: Melhoramentos, 2007). Avaliação sucinta: trata-se de nada menos do que uma obra-prima. Quando a lemos, ficamos profundamente tocados, como se ainda fôssemos... jovens! Em contrapartida, pode-se supor que um jovem “de verdade”, ao ler essa novela, dirá logo que ela “não é para crianças!”, e a desejará ler por isso mesmo: para ser tratado como gente que já tem o cérebro e o coração grandes.

A solução narrativa de Luiz Antonio contempla essa condição: a história é narrada por um senhor de 37 anos à beira da 1ª Guerra Mundial, relembrando a época em que tinha 11 anos de idade. Esse narrador é um personagem da vida “real” trazido para a ficção: seu nome é Camille Roulin. Quando garoto, ele foi retratado várias vezes por Vicent Van Gogh. Um dos quadros que o retrata é dos mais populares do pintor e se encontra no Museu de Arte de São Paulo – chama-se O garoto de quepe.


                Para mim, foi uma realização sem fim. Escrevi um livro que me desafiava, que me custou empenho emocional para escrever ew um bocado de elaboração para saber como ia escrever, que tinha dentro de mim fazia quase 30 anos, e que se tornou uma alegria, um grande orgulho. Desses que me dão sentido a eu me dedicar à Literatura.
                A escrever por (e com) paixão pela Literatura.
                ... Daí, quando eu já estava nas releituras/reescrituras sem fim, sobre o texto, recebemos um telefonema.  De uma só vez, nos comunicaram que nosso primeiro neto iria nascer, que seria um menino e que o nome já estava escolhido: Vicente. Diante dessa conspiração cósmica, eu me sentei na mesma hora e digitei a dedicatória do livro: “Para o nosso Vicente”.

                É essa a história de Sonhos em Amarelo

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016



TERROR (!!!) 
para 
LEITORES CASCUDOS, 
que topam o desafio de ler 
LITERATURA!

Lobisomens 

Atacam em. 










SONETO NAS TREVAS. Editora Edelbra. Um Lobisomem de 300 anos habita um labirinto e escreve com o sangue de suas vítimas sonetos nas paredes, que falam de toda a sua angústia por ser uma fera com espírito humano.


BRENDA.  Editora Dimensão. Visual: Salmo Dansa. Lico apaixonou-se. Mas, talvez seja um problema, se a garota, Brenda, for o que ele suspeita que ela seja.



"Não escrevo livros fáceis. Escrevo Literatura para quem gosta de ler Literatura. Ou tem vontade de começar a gostar! " - Luiz Antonio Aguiar

 https://itunes.apple.com/br/author/luiz-antonio-aguiar/id671047443?mt=11

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016



A REALEZA DO TERROR

Mary Shelley   Bram Stoker   Robert Louis Stevenson   Edgar Allan Poe
e ainda:
sustos em série x terror profundo

[CUIDADO: contém estraga-prazeres, ou spoilers...]

#paraleitorescascudos   #minhapátriaéaliteratura

                       O terror existe na Literatura desde que Ulisses (Odisseu, em grego), no Canto XI de Odisseia, desceu ao Hades, para obter a profecia de Tirésias[1] sobre o rumo que deveria seguir para retornar a Ítaca e aos braços de sua Penélope.  Os mais populares e pavorosos monstros das histórias assustadoras nasceram ali. É preciso ler aqueles versos[2] para se ter ideia do horror que o herói enfrenta, algo que nenhum mortal, e principalmente nenhum grego,[3] deveria ter de suportar. 





A aventura de HOMERO escrevendo 
Ilíada e Odisséia
num romance mitológico
Daí se constata que a Literatura de Terror tem uma linhagem nobre e milenar. Está nas origens da Literatura. No entanto, quando nos referimos às histórias que se tornaram clássicos do gênero – e que tanto influenciaram e influenciam a Literatura Pop –, estamos mirando obras criadas no Romantismo, no século XIX. Isso porque a visão de mundo do Romantismo acrescentou uma complexidade (e um efeito aterrorizante) até então nunca vista ao Terror.
Ulisses desce ao Reino dos Mortos. Tem contato direto com pavores inimagináveis, e até mesmo com o espectro de sua mãe, Anticleia, que ele nem sabia que havia morrido em sua ausência. No entanto, ao voltar à superfície (o Hades não é o Inferno; é um submundo físico, com entradas e saídas que o comunicam com o Mundo Solar), nada nele mudou.  O contato com o terror não o contamina, não deixa sequelas. Até porque os espíritos do Hades e os viventes são de natureza diversa e inconciliável. Os espectros são imateriais, névoa escura; vagam, uivando sempre, esquecidos de sua vida terrena, inconscientes; enquanto  Ulisses é de carne e sangue, pele, músculos, osso, memória e inteligência.

                                                                                                               Odisseu no Hades

Algo assim não acontece com o Terror Romântico. Ali, o contato com o terror deixa marcas. Porque não estamos lidando com esferas de outra natureza, mas com um terror que investiga o monstro que ocultamos, o (nosso) lado escuro, a aberração que nos habita; ou aquela tentação recorrente à qual temos tudo para ceder.  O Romantismo dilui os filtros e as diferenças entre o natural e o sobrenatural. O terror está sempre à espreita.
Este é o enigma (e o carisma)  do Terror Gótico.[4] 

            Em Prisioneiro de Askaban, terceiro livro da saga Harry Potter, o adolescente-bruxo tem um pesadelo em que enfrenta um inimigo medonho, o qual, quando vai ver, tem o seu rosto. Harry Potter conversa sobre o pesadelo, que tanto o amedronta, com o seu  professor, Remo Lupin, o lobisomem. Lupin observa que se trata de um presságio de sabedoria já que o terror que a pessoa mais deve temer é a si mesmo. Lupin sabe do que está falando. Sua condição aluada lhe acarreta sofrimento e depauperação. E com isso ele menciona o sentido fundamental do enlace entre o Romantismo e o Terror. 
O monstro é uma metáfora desse horror que está dentro de nós mesmos, e do medo que a coisa aflore, prevaleça... Algo  inato, perene, universal e tão Humano que  se torna tema básico da Literatura. Ou por outra, enquanto o ser humano tiver seus horrores, ainda mais os que não quer perceber, a Literatura procurará, não, explicá-los, mas, lhes atribuir imagens -  expressá-los. 
Ou também... Há tanto sedução quanto repulsa, combinados, entre o vampiro e sua presa... 
Mary Shelley, publicou Frankenstein ou o Prometeu Moderno em 1818.  Na trama, um jovem cientista, Victor Frankenstein, cede à tentação de se equiparar aos deuses, criando a vida. O resultado é catastrófico. Frankenstein é destruído por sua criatura (que não tem nome, no livro, embora, para os leitores, tenha roubado o nome do seu criador). No entanto, tanto pesa sobre o cientista a blasfêmia que cometeu (semelhante à do mitológico Prometeu, que roubou o raio – ou o fogo, ou a inteligência -  de Zeus para dá-lo ao ser humano), como o lema que sentencia a criatura a guardar a imagem e a semelhança do seu criador. Afinal, de onde veio a personalidade do monstro? De onde veio a fúria vingativa que o levou a assassinar todos em volta de Frankenstein?



Mary Shelley 
escreveu "Frankenstein" 
aos 17 anos


Um Monstro sem Nome
aqui, interpretado por Boris Karloff


 Caberia a Bram Stoker criar o mais espetacular monstro do Gótico Romântico: Drácula (1897). Os vampiros têm sua genealogia própria, na Literatura em língua inglesa, que passa por nomes como John Polidori e Sheridan Le Fanu.[5] Mas, o que interessa aqui é que o Romantismo, essa cosmologia tão especial na história das idéias e da Literatura, propiciou ao terror o seu auge. Com o vampiro estabeleceu-se a ponte entre o diabólico e o mundano. Ou seja, do fantástico com o leitor. A possibilidade de contaminação.
Mais ainda, Drácula, como seus citados antecessores, tem um componente de sensualidade animal. A moralidade formal, ostentada pela sociedade britânica dos tempos da Rainha Vitória, era inconciliável com ímpetos desse gênero. Mas, o que precisava ser reprimido em público aflorava nos meandros escuros do espírito. Uma mordida do vampiro torna-se ao mesmo tempo escravizante e libertadora. Lord Ruthven corrompe os virtuosos. Carmilla desperta em Laura uma atração sensual, profana e antissocial, que ela, ao mesmo tempo, não consegue aceitar, nem negar. E muitas das cenas do majestoso Drácula trabalham essa dualidade.

Bram Stoker

                                                                                                              Capa da Primeira Edição 
                                                                                                            - 1897 
Chistopher Lee, o melhor Drácula do Cinema: 
O morto vivo imortal em seu Obituário

                           
            O que acentua, então, o enlace do Romantismo com o Terror? A exploração de segredos do espírito humano, trazendo à tona personagens complexos, dilacerados por dilemas, conflitos, inclusive da pessoa consigo mesma, como se naturezas antagônicas estivessem, em nosso íntimo, disputando a prevalência sobre nossas decisões, nosso destino.
Drácula  é uma leitura difícil. Até mesmo pelo seu modelo de composição  – é todo narrado por meio de cartas, anotações dos diários e relatos dos personagens etc... Mas vale a pena vencer o desafio, a dificuldade de leitura, para se conhecer um personagem que é ao mesmo tempo absolutamente inumano – porque nos enxerga com olhos de um predador, um chitá, ou um velocirraptor – e tão semelhante a um  ser humano que nos sentimos atraídos por ele.
Afinal, Drácula, ao preço de nosso sangue, do hálito cadavérico e da permanente palidez da pele, nos oferece a imortalidade e a juventude eternas. Não é essa a tentação  que empurra Bella a se entregar a Edward Cullen? Fora o fato de ele ser lindo. Vampirescamente falando, é claro.[6]
E... se Victor Frankenstein, consciente do que fazia, cometeu um pecado, aqui, uma virtuosa mulher como Mina Harken, esposa modesta, inglesa até a medula, pode ser corrompida pela mordida do Drácula, quando não por seus anseios inconfessáveis... Donde: o inocente não está a salvo.
Para mim, Drácula, é uma criação ficcional à altura de um Aquiles, de um Ulisses, de um D. Quixote, e de todos esses membros do panteão de personagens que fundem o preto ao branco e a todas as cores e matizes do espírito humano. É um dos melhores romances que podemos ler.
Mas, a Provocação do Gótico iria mais a fundo. Em 1886, Robert Louis Stevenson lançaria O estranho caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde, mais conhecido entre nós como O médico e o monstro.  Dr. Jekyll, respeitável médico londrino, aristocrático cidadão vitoriano, descobre uma fórmula que o torna no Sr. Hyde. [7] E aqui o ser humano socialmente aceito encontra sua liberação , tornando-se um sujeito brutal, inescrupuloso, que vai cometer todos os atos escabrosos, condenados pela  sociedade, que tanto respeita o médico (e que ele alega prezar). A ironia é que Médico e Monstro são a mesma pessoa. Qualquer semelhança com o Dr. Banner e o alterego de sua raiva contra a humanidade, o Incrível Hulk, não é coincidência alguma. 
Não se trata portanto de um monstro (feito de partes de cadáveres roubados a túmulos profanados e um potente choque elétrico), nascido de um ato temerário e blasfemo, obra de um criador bem intencionado. Nem de um vampiro, um  morto-vivo, não-humano. Ser Humano e Monstro compartilham (explicitamente, enfim!) a mesma alma. E talvez a mesma revolta contra a repressão social.[8]

                                              Robert Louis Stevenson, 


Daí, um salto para outro continente. Nos EUA, o quarto nome desta Realeza é Edgar Allan Poe. Na grande maioria dos contos [9] de Poe (1809-1849), não existe monstro. O terror nasce de um ardil de narração que faz do protagonista das suas histórias a única testemunha disponível (ao leitor) de um episódio sobrenatural (segundo a versão desse narrador), que transtornou sua vida e sua mente. Mas, até a eclosão desse episódio, tratava-se de uma pessoa normal, prosaica, ajustada ao cotidiano. Alguém que poderia ser qualquer um de nós.
Se esse protagonista cometeu uma monstruosidade, isso é outro problema. Se o fez porque era e sempre foi louco, ou se a experiência sobrenatural foi o que o levou a cometer o ato hediondo, é uma dúvida que não há como resolver, com base nos elementos fornecidos pela história. Podemos julgar e condenar o personagem, mas aí trazemos, algo de fora, nosso juízo – e talvez não seja ajuizado considerar, em termos de juízo ou falta dele, episódios tão insanos como os que vivenciamos nos contos de Poe. O que importa é repetir que não existe monstro aqui. A não ser que ele habite nossa mente, como um gen-recessivo, uma célula rebelada que dispara a se reproduzir, de repente, ou como um allien em hibernação.
Se não estamos, por natureza, nem por força da consciência, protegidos contra a possibilidade de nos tornarmos um monstro, qual é nossa segurança? Nenhuma.  E aliás, como ter certeza de... qualquer coisa? Por exemplo... da nossa sanidade... da nossa percepção das coisas... do que é ou não real?
Como fugir de um terror que carregamos junto conosco...?
Aliás, essa parece uma das bases da releitura que a Literatura Pop faz do Gótico Clássico, esse sentido de aproximação, que faz o terror emergir do mais prosaico, do mais comum, do menos extraordinário – seja de pacatas e lindas famílias dos subúrbios americanos, ou de adolescentes nos colégios e mesmo crianças.


Edgar Allan Poe

                                                                                                                           Stephen King

H.P.Lovecraft, Henry James e o super pop Stephen King, para citar apenas alguns nomes, são descendentes dessa  Realeza do Terror. Como os clássicos góticos, não se contentam em aplicar sustos em série (tipo os assassinos de serras elétricas, robotizados, inconscientes) no leitor. O iluminado e Cemitério Maldito são novelas que penetram tanto em nossa mente – mostrando uma aderência ao espírito do leitor bem à la Gótico Romântico – como em nossos pesadelos. E A hora do vampiro [10] traz o melhor vampiro da Literatura, depois do Drácula, e o que mais se aproxima do modelo de excelência. Trata-se aqui de um terror profundo. 
Que nos chama e deseja...
Talvez porque toque cordas de nosso íntimo e as faça ressoar. Talvez porque revele, ou exponha, o que existe lá dentro, bem disfarçado, soterrado, dentro de nós.
Dessas coisas que não deveriam  retornar do "Reino do não-Descoberto" [11], mas, aproveitando-se das horas mortas da noite, se levantam das tumbas e se tornam (nossas) assombrações.  




[1]  ... Que, já morto e reduzido a espectro,  deve beber sangue fresco, ainda quente, ofertado por Ulisses, para recuperar seu poder profético...


Maquete que recebi de presente de uma garotada que leu meu
"Memórias Mal Assombradas de um Fantasma Canhoto",
estrelado pelo Fantasma de Canterville.
assombrando malignamente 
uma turma maneiríssima de hoje...

[2] ... numa tradução generosa, sem excessos, sem afetações, que flua bem ...
[3] O Hades,  a escuridão onde vagam os espectros, privados da memória da vida que tiveram, é a negação de tudo o que significa ser grego : o mundo sob o sol, de viventes civilizados para quem a Memória (a Deusa Mnemosine) é a mãe (das Musas) do conhecimento, da arte e da consciência. 
[4] Gótico vem de godos, os povos que tanto atazanaram os romanos, na Antiguidade. Para chegar a ser o Gótico a que estamos nos referindo, o enlace do Terror com o Romantismo, passou por muitas histórias e, principalmentem por um romance intitulado O castelo de Otranto (1764), do autor inglês Horace Walpole, que tinha como subtítulo Uma novela gótica. Foi um best-seller em sua época.  Deu nome ao gênero (gótico) e lhe passou certos elementos que se tornariam sua identidade, como as ruínas (de castelos e cemitérios), maldições e segredos de família, labirintos escuros etc. 
[5] Respectivamente com Lord Ruthven, em O vampiro (1831), e Carmilla, personagem-título do romance de 1872. Le Fanu foi chefe de redação do, então, jovem jornalista Bram Stoker, e seu amigo.
[6] Diante de um Drácula, um vampiro vegetariano e que usa filtro solar parece bobo. É bobo. Mas, há personagens realmente vampirescos, na periferia do elenco de Crepúsculo, que além disso é uma boa história de amor impossível (aqui, realizado), no modelo Romeu e Julieta.  
[7] Há um jogo de palavras possivelmente oculto nesses nomes. Je +Kill = Eu (em francês) mato. Hyde = pele de animal, esconderijo.
[8] Há quem sugira, baseado em alusões do texto,  que  o Dr. Hyde oculte do meio social sua homossexualidade, considerada crime na Inglaterra da época, que, por exemplo, condenou Oscar Wilde, pelo mesmo motivo, à prisão com trabalhos forçados.
[9] Exemplares são O gato preto e O coração delator , entre outros, que estão na coletânea Góticos (I e II) que organizei para a editora Melhoramentos. A exceção fica por conta, por exemplo, de A queda da Casa de Usher, que tem uma vampira, ou algo no semelhante, no elenco. 
[10] Em 2015, foi lançado  Doutor Sono, continuação de O iluminado, com a história do menino com poderes parapsíquicos, agora adulto, 20 anos depois. Muito bom! Os três livros citados nesse parágrafo são de Stephen King.
[11] Hamlet, de Shakespeare, outra matriz do Gótico Romântico: Ato 3, Cena 1. A expressão faz parte da fala que se inicia com a célebre frase: Ser ou não ser...





TERROR pra puxar a perna de quem lê...