A PRIMEIRA VEZ
Luiz Antonio Aguiar
Para meus Netos,
na esperança que eles vivam para sempre
na Democracia e em Liberdade.
1977.
Os
helicópteros baixavam a poucos metros do solo, no espaço aberto entre os dois
prédios da universidade, erguendo lufadas de poeira, que entrava na nossa
garganta e ciscava nossos olhos. O barulho dos rotores perfurava nossos miolos.
Mas, se a intenção deles era nos afugentar, fracassaram.
Havia
ali uns três mil estudantes, de várias universidades, sentados no chão de
concreto do Pilotis. O primeiro ato massivo, aberto, público, contra o regime
militar, no Rio de Janeiro, desde as jornadas de 1968.
Na
reunião na Vila dos Diretórios ficara decidido que seria eu a ler o manifesto.
Decidido no voto. Eu votei num outro companheiro. Estava com medo.
Os
soldados haviam cercado o prédio da universidade. De fato, ocuparam o bairro
inteiro, nos isolando na Gávea. Capacetes, escudos, cães, cassetetes compridos
e maciços. Fardas negras, acolchoadas.
Coletes à prova de balas (ah, sim, eles
sabiam montar a cena e os figurantes para fazer a gente parecer perigoso!). E aqueles helicópteros, filmando e
fotografando ostensivamente toda a multidão. Mas ninguém estava escondendo o
rosto, nem mesmo quem subia no palquinho para falar.
Eu ia
ser o último, o manifesto concluía o ato. Minha boca nunca esteve tão seca.
Tinha certeza de que a voz não ia sair, que eu ia gaguejar, empacar, que
ninguém ia escutar nada por causa do ronco dos helicópteros. Que a qualquer
momento eles iam lançar bombas de gás em cima de nós. E que ia ser uma
correria, o Pilotis apinhado, um pisoteando o outro.
- Agora,
o manifesto dos diretórios estudantis e todas as demais entidades presentes –
anunciou a mesa, no microfone. - Depois da leitura, a gente vota se aprova ou
não. Se aprovar vai ser o documento deste Ato Público, o primeiro no Rio de
Janeiro. O primeiro, depois de anos de silêncio, de...
O
helicóptero baixou de novo. Era minha vez. Haviam escutado o presidente da mesa
falar. Queriam boas fotos de quem fosse ler o manifesto.
Será que
já sabiam o que estava escrito nele? Como poderiam? Era somente um papel
rascunhado a caneta, em meu bolso, que havia acabado de sair da reunião, lá
embaixo, na Vila.
E mesmo
assim, poderiam. Não poderiam?
Poeira,
os rotores do helicóptero, balbúrdia geral, eu subi ao palquinho, agarrei o
microfone.
O
estômago parecia um buraco que queria devorar minha espinha dorsal. Mas, agora,
sentia também raiva. Dos helicópteros, dos capacetes, dos escudos...
“Contra a prisão de estudantes, sindicalistas, professores, jornalistas,
advogados... dos militantes dos movimentos pela anistia e dos trabalhadores
rurais ...Contra a tortura e os assassinatos nos porões da ditadura... Contra a
censura... Contra as cassações de parlamentares eleitos que não curvaram a
cabeça... Pela volta dos exilados... Eleições livres, liberdade partidária... Anistia
ampla, geral e irrestrita... Pela
Democracia!”
Tudo
isso já havia sido dito em outros manifestos.
Mas
havia uma frase, uma palavra de ordem que seria dita pela primeira vez.
Que iria ressoar de novo, depois de anos de sufoco, de silenciamento, como se a
gente retomasse o fio da meada, nosso legado... E seria a conclusão do
manifesto O gran finale. O que a gente tinha esperado anos para dizer, como
outros antes de nós haviam feito.
Pela primeira
vez, de novo. Em público. Dito e assinado.
Eu me vi
apontando para o helicóptero, para os agentes que apareciam na porta aberta da
aeronave, câmeras miradas em mim. E eu, dedo em riste para eles, xingando-os, chamando-os
de servos da repressão, de inimigos da democracia e do povo –
despejei ali todos os chavões que conhecia –, a assembleia gritando, vaiando a polícia...
Eu arrepiado, escutando meu coração bombear enlouquecido, sentindo minhas
jugulares ameaçando se romper, suando nas costas feito se estivesse debaixo do
chuveiro. As mãos tremiam, é claro, eu mal conseguia enxergar o papel. Mas, já
sabia o manifesto de cor.
E a
frase final chegando...
O
manifesto. A última frase. Empunhá-la. De novo, pela primeira vez.
Tava lá. Era ela.
Eu gritei:
“Abaixo
a Ditadura!”
O Pilotis pulou, esmurrou no ar,
urrou, fez festa. A gente era a gente de novo.
Os
soldados haviam bloqueado o portão principal. A única saída era atravessando o estacionamento.
E íamos ter de passar pelo corredor polonês que haviam montado. Os capacetes
baixados, os rostos ferozes, os cassetetes batendo nos escudos, os cães sendo
atiçados, ladrando...
Uma
garota se aproximou de mim. Já tinha reparado nela no Pilotis. Tinha certeza de
que estava bem na frente, na meiuca da estudantada sentada no chão, durante o ato. Era
bonita, e me pareceu mais bonita, ali, junto de mim, com seus olhos castanhos
acesos, e os cabelos negros, compridos. Sorria. Acho que era a única pessoa ao
meu redor que sorria. Eu estava com as tripas embrulhadas demais para falar
qualquer coisa. Para pensar em qualquer
coisa, senão olhar para um lado e outro, vigiando os policiais, esperando que
caíssem em cima de nós. Mas, sim, eu pensei: “Garota, como você é bonita!”.
Os
soldados não atacaram, mantiveram a formação. Não tinham ordens de provocar um
massacre. Talvez, arrastar um ou outro e enfiar num camburão.
Mas, as últimas semanas tinham
sido tensas demais.
Tínhamos
recebido o aviso de que iam nos pegar. Estavam na cola do meu pessoal.
Eu precisara fugir da casa dos
meus pais. Passei lá numa madrugada para recolher meus livros proibidos
e um ou outro documento clandestino. Enfiei tudo numa mala e, na bolsa a
tiracolo, uma cueca limpa e a escova de dentes. Esqueci a pasta de dentes. E
logo ia ter desejado pegar alguma coisa para comer, pelo menos um pacote de
bolachas.
Saí para a rua, um carro parou
junto de mim. Identifiquei pela placa que era o carro que eu estava esperando.
Tinha a instrução de esquecer aquela placa, depois dessa noite. Não ia me
lembrar nem que quisesse. A porta abriu, uma mão ligeira recolheu a mala, e zuniram
rua abaixo. Escutei a raspada de pneus, guinchando, quando dobraram a esquina.
No mais, eu sabia o que tinha de
fazer. Dali a uma semana seria o Ato Público. O primeiro, depois de anos de
entocamento. Tinha de ficar perambulando pelas ruas, naquela noite, nada de
voltar para casa – e de fato, logo de manhã, os policiais apareceram por lá. Minha
mãe os recebeu com um cafezinho e informou que não via o filho (eu) havia dias:
- Sabe como é essa garotada hoje
em dia! Deve ter arranjado uma namorada nova. Mais alguma coisa?
Se fosse anos antes, teriam
levado ela para interrogatório.
De manhã, eu entraria na
universidade por uma trilha no morro que dava nos fundos do campus. Não sabia
que seriam seis meses nessa semiclandestinidade. Não poderia sumir de vez. Tinha de mostrar
minha cara de dia no Pilotis; escapulir à noite pela trilha, sumir num buraco
qualquer durante a noite, e me virar para
retornar à universidade na manhã seguinte. Essa camuflagem
pretendia me proteger. Se fosse preso, meu pessoal poderia denunciar que haviam sequestrado mais um
estudante, não um terrorista fugitivo.
Teve uma noite em que dormi nas
pedras do Arpoador – um gelo. Tem um quartel ali junto, mas e daí? O céu estava
estrelado, me murmurando qualquer coisa ou outra. Era o lugar onde brincava,
quando criança. Mal senti o desconforto, as pedras nas costas. Dormi bem.
Nas ocasiões em que passei na minha
rua, e dei uma olhada de longe no meu prédio, havia sempre uns caras de terno, circulando,
aparentemente sem ter o que fazer ali.
Teve uma vez que minha mãe fez
questão de me ver – ou isso, ou, ameaçou!, ia dar o filho como morto e fazer um
escarcéu. O pior que podia acontecer a um foragido era ser anunciado como preso
ou morto. Chamava muito a atenção – “Ué, esse cara devia estar preso,
então?”...
Recebi o recado pelo meu irmão
caçula, na universidade. Combinamos tudo, ele pegou minha mãe, tomaram ônibus,
desceram de ônibus. Tomaram outro, desceram, deram voltas em quarteirões, e já
aí num bairro distante, já aí eu seguindo de longe, checando os arredores, e
então apareci do outro lado da rua e acenei para ela. Ela acenou para mim, e eu
sumi de novo.
E teve uma vez, ainda, na véspera
do ato público, que tive a certeza de que estava sendo seguido. A sombra vinha
atrás de mim, parava quando eu parava, retomava o passo quando eu retomava. Se
fosse um policial, a qualquer instante uma kombi, provavelmente sem placa nem
cor definida, subiria na a calçada, à minha frente, cortando o meu caminho, e daí,
saltavam uns quatro lá de dentro, me agarravam, me encapuzavam, e já era.
Só que, aquele era um seguidor
muito incompetente. Uma droga de tira, para se deixar ser percebido.
Sei que eu fiquei com tanta raiva
dele, estava me sentindo tão desgraçado no mundo, de estar sendo caçado o tempo
todo, que me virei e corri pra cima dele. Nem pensei no que estava fazendo, que se
danasse. O cara não esperava uma maluquice dessas e fugiu.
Claro que não estava ali para me agarrar,
só para me assustar e ver se eu o levava a algum aparelho - os apartamentos sem luz, sem móveis, sem copos nem pratos,
sem nada, onde a gente se escondia... Quando havia aparelhos disponíveis.
Na verdade, meu grupo era pequeno
e somente político. Contrário à luta armada, que aliás já havia sido
exterminada havia anos. Mas, a repressão matou muitas pessoas que não eram
ligadas à guerrilha. É que, naquele período, havia uma luta interna entre eles.
Tinha os que achavam que era hora de abrir o regime, de fazer concessões
para se segurarem o quanto desse, e os
que queriam ficar no poder para sempre, à custa de radicalizar, de descer o
pau, sem se importar com repercussões. Desbaratar uma organização, mesmo mixuruca como a nossa, seria a prova que
a ala dura usaria para demonstrar
que as torturas e assassinatos ainda eram necessários para defender o
país contra o comunismo. E, sim, naqueles tempos, eu achava que era
comunista.
Enfim, o interesse da repressão não
tinha a ver com nossa capacidade de abalar a ditadura. Poderíamos até
ser pretensiosos, mas a repressão sabia medir nossa desimportância. Isso não impediu de torturarem, feito
monstros e covardes que eram, os que prenderam. Não que esperassem tirar
qualquer coisa importante deles. Era só para servir de exemplo.
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Naquele
final de tarde, passando pelo corredor polonês, na saída do Ato Público, quando
a garota se aproximou de mim, tudo o que eu ia viver nos próximos meses, de
certa maneira, já estava na minha cabeça. Eram histórias que a gente ouvia todo
dia. Havia tentado me preparar para isso. Na verdade, a gente nunca está preparado.
Havia o medo de ser torturado, arrebentado, ou pior... de abrir – de entregar algum companheiro, ou um membro
mais importante da Organização.
A gente
precisava segurar a barra por 24 horas. Os policiais sabiam disso. A cada 24
horas, tínhamos um ponto, um encontro marcado com algum companheiro –
nem que fossem passar um pelo outro na rua, trocando algum sinal, ou senha, ou,
se nunca tivessem se visto, exibindo, nas mãos, uma revista dessas que um cara
como nós nunca leria. Era assim que a gente checava se alguém fora preso. Se o
cara não cobrisse o ponto, se faltasse, dava-se o alarme. Significaria que
o companheiro tinha caído. Tudo e todos com quem ele tinha contato
precisava ser desmobilizado. Tudo desmarcado, esvaziado – nunca soube de nenhum
grupo que houvesse conseguido realizar essa limpeza total de um aparelho
com eficácia, mas a gente tentava. 24 horas. Eram essas 24 horas iniciais que
os torturadores tinham para arrancar da gente alguma informação valiosa. Depois
de 24 horas, nada que o prisioneiro ou a prisioneira abrisse ia levar a
coisa alguma. Daí, era aguentar a
pancadaria mais brutal das primeiras 24 horas.
A maioria do pessoal assassinado
nos porões dos quartéis morreu nessas primeiras 24 horas.
Ou, eram executados depois, já
que não tinham mais utilidade. Ou de vingança dos torturadores por terem
fahlado em abrir o cara.
No entanto, muitos não aguentavam
as 24 horas.
Nunca consegui achar nada de tão
mal assim em quem não aguentava.
Outros, eram picados em
pedacinhos e não falavam nada.
Eu gostaria de ser como um
desses.
Mas,
tinha muito medo de ser dos que não iam aguentar.
- Onde
você vai dormir? – a garota me perguntou;
Olhei
para ela, desconfiado. E se fosse uma informante da polícia? Mas, ela sorriu
para mim e eu mandei as normas de segurança pra cucuia. A repressão já tinha
todas as fotos minhas que queria, eu estava ali, soldados preparados para a
guerra de um lado e do outro – se quisessem me pegar, era só agarrar e levar o
pacote.
- Eu não
sei. Vou desaparecer! – respondi.
- Pode
dormir lá em casa. Meu pai não vai nem perguntar quem é você.
Olhei
para ela de novo. Não tinha aparelho para mim. Ia ter de ficar vagando pelas
ruas mais uma noite.
Assenti
de cabeça.
- Me
segue... não de muito perto.
Assenti outra
vez.
Os
soldados com cara de quem varou a madrugada de pé, em forma, no quartel, ao
relento, para chegar ali bem furioso contra a gente – o que era praxe, aquecimento
para operações antissubverssivas de rua... E a multidão se dispersando...
E eu querendo me misturar, passar despercebido. E ao mesmo tempo sem perder a
garota de vista.
Já longe
da confusão, ela parou, me esperando.
“Se for
policial, é agora que aparece o carro preto e me enfiam na mala!”, pensei.
Nada.
- Meu
nome é Carolina. Carol!
- O
meu...é Victor
Ela riu:
-Entregou
seu codinome à toa. Eu sei seu nome de verdade. Todo mundo sabe. Vem.
Chegamos
à rua, já anoitecia, e eu esticando os olhos para todos os cantos, esperando
que alguém saltasse da escuridão sobre mim. Costumavam já baixar batendo, para nocautear
e evitar qualquer tentativa de fuga. Ou por medo que o cara atirasse contra
eles. Nunca peguei numa arma na vida. Nem nunca dei tiro. Nem em passarinho.
Mas,
nada ... nada. Era uma ruazinha tranquila. “Tranquila demais”, receei; e ainda... Nada. Somente uma ruazinha.
O prédio
dela ficava beirando uma pequena praça, cercada de residências antigas. Casas,
em sua maioria, e edifícios baixos, como o dela. Não havia elevador, e o
apartamento dela era no terceiro andar. Dois apartamentos por andar.
Entramos.
O pai dela estava na sala, lendo. Livro encadernado, não consegui ver o título.
- Esse aqui é um amigo meu! – ela
disse.
Ele sorriu, sem me olhar direto
no rosto, e voltou à leitura do livro.
- Ele
vai dormir aqui hoje – quis esclarecer a Carol.
- Já
tinha entendido isso – respondeu, ainda sem erguer a vista.
- O Ato Público
saiu na tevê? – eu perguntei.
- Nem
uma palavra! – retrucou. - Pra quê? Eles simplesmente pararam a cidade com os soldados.
Jipes com metralhadora nas entradas das ruas. Um carnaval. Quem precisa saber
por quê?
Debochado.
Gostei do tom dele. Carol me levou pra cozinha. Comi um sanduíche. Três, na
verdade. Fazia dias que não comia mastigando. E café. Depois, me levou para uma
pequena biblioteca-escritório nos fundos do apartamento. Havia um sofá. E uma
janela. O protocolo mandava checar saídas, para o caso de alguma necessidade. Fui
até a janela, olhei para baixo... alto demais para pular sem me quebrar. Mas,
poderia ser escolher entre isso e ser rasgado pelos torturadores. Então... bem,
a alternativa de voar pela janela, numa emergência, ficou na minha cabeça.
Nessa
altura, Carol tinha me trazido um travesseiro e um lençol. E me deu boa noite.
Fechou a porta, eu apaguei a luz, me deitei. Vestido. Calçava sandálias, que
deixei com a mochila, junto do sofá. Fazia
dias também que não tinha um lençol para dormir. É incrível como, para se
sentir deitado para dormir, a gente precisa de um lençol, no mínimo, para
servir de fronteira entre você e o mundo.
No
escuro, escutava coisas. E me sentia... amargurado? Difícil definir... Me sentia largado ... Desumanizado?
Ora,
como ia querer me sentir?
Mas, era
isso... me sentia um lixo. Algo que poderia se jogar fora, pela janela, e dar
tchau à vida. O corpo ia ser sumido, coisa assim. Meus pais; pensei em meus
pais dali para a frente, anos e anos, me procurando, sabendo que não iam me
encontrar, mas sem conseguir desistir.
A polícia ia me enterrar no meio
do mato. Nunca iam dar a notícia da minha morte a meus pais.
E eu nem
tinha começado a viver ainda. Nunca tinha... Nunca!
Daí,
pensei em Carol... No quarto ao lado. Fazendo o quê? Pensando em mim? Vestindo
o quê?
O quê...?
Quanto tempo passou? Meia hora,
duas?
Dormitei mal e mal, e uma parte
de mim permaneceu de vigia. Então o trinco da porta estalou e eu saltei sentado
na cama. Virei-me para a janela, mas, antes que eu me levantasse, a porta se
abriu de vez.
Carol
estava com um camisetão. Era azul. Um pouco de luminosidade entrava pela tal
janela. No camisetão tinha escrito... Ora, que diacho! Eu não li o que tinha
escrito. Nem tenho certeza se era azul, o camisetão. Só fiquei olhando para
ela, sem acreditar.
Ela veio até junto de mim, ficou
me olhando também – por instantes. Eu assombrado. Então, ela se ajeitou no sofá
estreito, colada em mim, sempre os olhos dela prendendo os meus. Eu não sabia o
que dizer. Nem piscar, eu conseguia.
- Você tá fedendo! – ela reclamou.
– Faz dias que não troca de cueca, não é? Pode lavar sua roupa aqui amanhã.
Eu, catatônico.
- ... Legal!...
- Mas, banho, você toma antes,
tá? Com sabonete.
-... Antes do quê?
Ela sorriu. Minha nossa, o
sorriso dela...!
- Olha pra mim. Não, não desvia, olha... Para
mim! - E, ainda mais feiticeira e vidente, disse, sorrindo, me chamando: - Vai
ser a sua primeira vez, não vai?
- Vai?...
Carol não
me deixou nem pensar em dizer mais nada.
Me puxou pela nuca e juntou a
boca dela na minha.
O beijo,
aquele beijo... Ah, meu Deus! Como ela adivinhou? Em minha vida inteira, eu
nunca precisei nem iria precisar de algo, tanto, tanto, como daquele beijo.
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